O que mais me ficou, do dia 19 de Julho de 1987, foi o termo de um dos acampamentos de escutas do agrupamento da minha terra natal: S. João de Fontoura (Resende).
Tinha começado dois dias antes, em Porto de Rei. Nesse tempo, Porto de Rei não era tão conhecido. Mas era possuído de iguais encantos. Era tudo natural.
Não havia piscinas nem mesas de pedra. Havia o rio, árvores e o resto era feito por nós.
Antes de cada acampamento, havia sempre um ingrediente que a todos era recomendado: boa disposição para nos acolhermos uns aos outros. E o saldo era sempre (muito) positivo.
Foi aí que montámos as tendas. Sucede que, no sábado, se levantou um grande temporal: chuva, vento e trovoada.
Para meu espanto, a alegria multiplicou-se. Cada um deitou mãos à obra para segurar as tendas. Tudo correu bem.
Rezávamos sempre o santo Terço. O pároco da altura deslocou-se ao local para a Santa Missa.
O ambiente era de uma fraternidade muito sentida, muito bela. Não era preciso apelar para a autoridade do chefe.
Tudo era dialogado e decidido em comum. Éramos todos um só desde os mais pequeninos, os lobitos.
Passados todos estes anos, ainda há quem telefone para oficiar um casamento ou para baptizar os filhos. São daquelas situações em que um não se torna impossível.
Sei bem que os saudosismos não resolvem nada. Mas as saudades têm o seu valor. Elas são a presença na ausência. Fazem reviver as coisas (neste caso, as melhores coisas) que nos aconteceram.
Recordando momentos felizes, vamo-nos reencontrando (nem que seja por breves instantes) com alguns eflúvios de felicidade.