É estranho como se muda de critério conforme se muda de conteúdo.
Para a vida pessoal de cada um propõe-se a mudança, a conversão. Para a existência da instituição, resiste-se à mudança.
É claro que uma tradição não é evanescente. É muito importante. Mas também não é um fóssil, inamovível.
Se tudo estivesse feito, não estaríamos aqui.
O crente não é apenas um repetidor. É também (e bastante) um construtor.
Deus não fala apenas nos livros, nos documentos. Deus fala igualmente nas pessoas, na consciência, nos acontecimentos.
A imutabilidade creditada a Deus tem que ver sobretudo com a fidelidade.
O eterno de Deus permanece mesmo no efémero de cada suspiro da vida humana.
Resistir à mudança pode ser, por isso, resistir a Deus.