Desenganem-se aqueles que presumem que as grandes decisões são tomadas em função da pura razão.
Desde logo, como documentam estudos em diversos campos (destacaria apenas as abordagens de António Damásio e Xavier Zubiri), porque o acto de razão está sempre envolvido por uma grande nuvem emocional.
Depois, porque o engenho humano, não sendo infinito, parece ilimtado. É sempre possível convocar uma míriade de razões para defender qualquer posição.
Bem podemos apelar para verdades absolutas e situações perenes. A vontade das pessoas e o comportamento dos povos seguem o seu caminho.
Nem sempre, pois, é o logos racional a decidir. Muitas vezes, é o logos afectivo, o logos epocal.
Há quem lute, por exemplo, contra a implementação do Acordo Ortográfico. Reconheço que os motivos aduzidos são ponderosos. Mas está mais que visto que ele vai ser aplicado.
Um novo país surgiu. Há décadas, julgar-se-ia impossível. Desde anos, travava-se um combate. Muitas vidas poderiam ter sido poupadas, se tivesse havido capacidade de discernir os ventos da história.
É importante que as convicções se manifestem e que o medo não iniba. Há coisas que, num tempo, parecem absurdas e, noutro tempo, despontam como normais.
O ser humano pode (e deve) parar. Mas o tempo nunca pára.
Vamos para melhor? Para diferente, com toda a certeza.
Os ventos são difíceis de controlar. Os ventos da história são impossíveis de deter.
Nem a lógica consegue fazer nada.