Numa época de viagens, facilmente nos tornamos turistas. Mas dificilmente nos tornamos peregrinos.
Peregrinar é mais que viajar. Peregrinar não é só andar, não é apenas ir. É também entrar. É sobretudo permanecer.
Estamos num tempo em que praticamente conhecemos todos os lugares. Falta-nos, porém, peregrinar pelo interior da alma humana.
Os roteiros turísticos são, regra geral, marcados por um grande frenesim, por uma enorme agitação. De dia não se pára. E de de noite também não se abranda.
E nem se sequer nos apercebemos de que talvez nunca estejamos tão sós como no meio da multidão.
É importante sentir que a solidão pode ser uma escolha, uma terapia, uma opção.
Somos seres que também podem crescer na solidão, na paz do silêncio.
Na multidão, tomamos atitudes que nos surpreendem. Que mostram como somos desconhecidos para nós mesmos.
É na multidão que verificamos que, como dizia Carl Jung, «o pior inimigo está dentro de nós mesmos».
É na solidão que melhor nos podemos abrir aos outros.
Tudo o que é importante começa no fundo, parte de dentro.