Enquanto a bola não rola, rolam os milhões da bola.
A cada dia que passa, chovem notícias de mais contratações.
E o que espanta é que ninguém se espanta e, mais, ninguém se indigna.
Numa altura em que o país se contorce com a crise, parece que há um subpaís a viver numa sobrevida.
Falta dinheiro para a saúde, para a habitação, para a educação, etc. Só não parece faltar dinheiro para o futebol. Para algumas entidades do futebol, pelo menos.
Pelo que nos é dado ver, o volume de dinheiro envolvido nas aquisições até está a aumentar.
E o que mais surpreende é que a quase totalidade desse dinheiro não fica por cá. É dinheiro que sai do país.
Como é que um país mendiga dinheiro lá fora para sobreviver e investe dinheiro lá fora para o futebol?
Há coisas que não se entendem, apesar de não faltar quem elucubre nas mais rebuscadas explicações.
De resto, se compulsarmos os elementos todos da informação (locais de férias esgotados por um lado e famílias endividadas por outro lado), chegamos a uma situação inexplicável. Portugal parece alguém a quem não falta dinheiro para o acessório e a quem escasseia dinheiro para o essencial.
Eu sei que isto não é bem assim. Também sei que as simplificações são pouco esclarecedoras. Mas que existe algo entre nós que desafia o mais elementar raciocínio lá isso ninguém poderá negar.