Foi o teólogo Andrés Torres Queiruga que disse, pensando em Cristo, que a morte é a última cátedra. Dela vem a maior (e também a mais dura) lição.
A insistente pertinácia de Maria José Nogueira Pinto é, de facto, um enorme ensinamento.
Há quem desista cedo. E há quem resista até (muito) tarde.
Há quem tenha medo da vida. E há quem não tenha receio nem da própria morte.
Confesso que é preciso ter uma força muito grande e uma fé muito intensa para escrever um texto como aquele que ela escreveu à beira da morte.
Faz uma síntese do seu percurso pela vida. O Senhor foi «sempre o seu pastor e por isso nada lhe faltou, mesmo quando tudo faltava».
Num momento em que, apesar de confiar no melhor, esperava o pior, consegue mostrar uma nobreza de sentimentos que não está ao alcance de qualquer um.
Tinha um temperamento combativo. Mas, coisa estranha, conseguiu ser consensual na morte quem nunca quis ser consensual durante a vida.