Fernando Nobre poderá ter cometido vários deslizes nesta sua (pelos vistos, curta) incursão pela política.
Mas era escusada toda esta facúndia objurgatória que atravessa a imprensa e a blogosfera e que mais se assemelha a um julgamento sumário. Sem clemência nem remissão.
Num tempo em que a coerência é um valor cada vez mais líquido (no sentido de menos sólido), quem tem autoridade para denunciar as incoerências verbais de Nobre?
Quem não hesitou na vida? Só que, com a pressão mediática em cima das pessoas, as hesitações ocorrem cada vez mais na praça pública, à vista de toda a gente.
Apavora-me esta intolerância perante aqueles que (supostamente) estão em baixo.
Só deixo uma pergunta: quantas pessoas haverá, no nosso país, com uma folha tão extensa ao serviço dos mais desfavorecidos?
Nobre regressa ao seu ethos. No fundo, os sofredores são os que têm o coração mais magnânimo.
Parte desencantado. E, apesar dos percalços, continuo persuadido de que era muito o que Nobre tinha para dar na política.
Mas há quem mine todos os caminhos aos que vêm de fora.
Uma alma nobre fica bem em qualquer lado. No trabalho solidário, obterá o reconhecimento merecido.