Se pensássemos no caminho que as ideias trilharam até serem ortodoxas, estou certo de que ninguém atentava contra a heterodoxia.
Tudo o que, um dia, é tido por ortodoxo começou por ser visto como heterodoxo.
Norberto Bobbio foi certeiro quando assinalou que as ideias nascem pelos extremos antes de se imporem ao centro.
Que diríamos de alguém que nos convidasse a comer a sua carne e a beber o seu sangue?
Que aceitação nos mereceria alguém que nos instigasse a pegar na cruz todos os dias?
Jesus não Se furtou às polémicas nem almejou consensos.
Toda a Sua mensagem é uma desconstrução de lugares-comuns, de palavras e de pensamentos que eram admitidos pela maioria. Nem sequer o bom senso foi a matriz da Sua intervenção.
Jesus é mesmo a irrupção do novo e a renovação do antigo.
Há, na Sua pessoa, um inconformismo que desinstala e uma irreverência que interpela.
Ele não vem destruir o já feito, mas também não vem continuar o já dito.
Hoje, o que Ele diz é norma para milhões de pessoas. Mas poucos pensam no sobressalto tsunâmico que Ele desencadeou.
Jesus não é, decididamente, uma anestesia para os nossos preconceitos. Ele é, será sempre, um poderoso despertador das nossas consciências.