Por muito imaginativa que seja uma narrativa, ela não pode eximir-se a um mínimo de ética. E o principal ingrediente da ética é a verdade.
Por uma estranha coincidência, parece que as conquistas de Abril vão ser imoladas em Maio. Para a semana, pelos vistos, iremos saber o preço a pagar pela ajuda que vamos receber.
Um povo sacrificado terá de se sacrificar ainda mais?
Um povo que trabalha tanto terá de trabalhar ainda mais?
Qual o limite da propaganda? Qual o limite da realidade?
Precisamos de quem aponte um rumo. De quem priorize a justiça. De quem não esqueça os mais pobres.
A nossa passagem da cidadania para a política faz-se, habitualmente, pelo lado do deslumbramento, do deleite. Parece que o poder é um fim em si mesmo.
O trânsito da cidadania para a política tem de fazer-se pelo lado do serviço. O poder não pode ser visto como um fim, mas como um instrumento.
Este salto epistemológico está ainda por dar. Este sobressalto cívico está ainda muito longe de acontecer.