Há uma narrativa que descreve a realidade, que a interpreta e que pode ajudar a transformá-la.
E há uma narrativa que se sobrepõe à realidade. Que a ficciona.
Uma vez que a realidade tende a ser aferida, cada vez mais, pela comunicação, quem comunica melhor ganha vantagem.
Em tempos de pensamento débil (conferir o diagnóstico de Lyotard ou Vattimo), as pessoas olham mais para a comunicação.
Não é a comunicação que é vista a partir da realidade. É a realidade que é vista a partir da comunicação.
A propaganda vive disto. Cria uma realidade apelativa. Distorce os factos. E despacha a culpa.
Numa sociedade plastificada, será com dificuldade que quem tem espessura e densidade consiga um espaço mediático.
É por isso que a ilusão tende a substituir a esperança. Enquanto esta não desiste de porfiar pela mudança do real, aquela faz crer que já se vive no melhor dos mundos.
As pessoas têm uma grande dificuldade em lidar com a realidade. Preferam que lhes vendam ilusões.