Zubiri disse o óbvio quando afirmou que «viver é optar».
As nossas opções revelam a nossa identidade, o nosso ser, o nosso carácter.
Na sua variedade, se repararmos bem, as escolhas tendem a aproximar-nos dos vencedores.
Elaine Pagels alerta que a própria história tende a ser feita a partir de quem vence.
Deus não é assim. Só que nós não nos apercebemos. E até cometemos o topete de instrumentalizarmos Deus como um escudo para as nossas opções.
A imutabilidade de Deus consiste, acima de tudo, na Sua fidelidade.
Deus não é neutro. Mas a Sua opção não é difícil de apurar.
O Talmude judaico apresenta-nos o seguinte:
«Deus está sempre ao lado do perseguido.
Se um justo persegue outro justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.
Se um perverso persegue um justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.
Se um perverso persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido.
Se um justo persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido».
Deus não está com o justo só por ser justo. Deus está com ele desde que ele não persiga ninguém. O perseguido pode nem ter sido justo, mas nada justifica que seja perseguido.
Mesmo quando está em causa a verdade ou a razão, tudo cai diante da força ou da violência. Quem se julga na posse da verdade ou da justiça e parte para a violência, não conte com o apoio de Deus.
Os perseguidos, sim. Podem não ter razão. Podem não ter apoios. Mas Deus está com eles.
Muito temos todos que aprender com Deus. A começar pelas próprias igrejas. Também nelas houve perseguições, perseguidores e perseguidos.
Os perseguidores invocam o nome de Deus. Mas só os perseguidos podem estar certos da Sua presença.
A história, segundo Deus, não é como a contamos.