O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 28 de Abril de 2011

Zubiri disse o óbvio quando afirmou que «viver é optar».

 

As nossas opções revelam a nossa identidade, o nosso ser, o nosso carácter.

 

Na sua variedade, se repararmos bem, as escolhas tendem a aproximar-nos dos vencedores.

 

Elaine Pagels alerta que a própria história tende a ser feita a partir de quem vence.

 

Deus não é assim. Só que nós não nos apercebemos. E até cometemos o topete de instrumentalizarmos Deus como um escudo para as nossas opções.

 

A imutabilidade de Deus consiste, acima de tudo, na Sua fidelidade.

 

Deus não é neutro. Mas a Sua opção não é difícil de apurar.

 

O Talmude judaico apresenta-nos o seguinte:

 

«Deus está sempre ao lado do perseguido.

 

Se um justo persegue outro justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um perverso persegue um justo, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um perverso persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido.

 

Se um justo persegue um perverso, Deus põe-Se ao lado do perseguido».

 

Deus não está com o justo só por ser justo. Deus está com ele desde que ele não persiga ninguém. O perseguido pode nem ter sido justo, mas nada justifica que seja perseguido.

 

Mesmo quando está em causa a verdade ou a razão, tudo cai diante da força ou da violência. Quem se julga na posse da verdade ou da justiça e parte para a violência, não conte com o apoio de Deus.

 

Os perseguidos, sim. Podem não ter razão. Podem não ter apoios. Mas Deus está com eles.

 

Muito temos todos que aprender com Deus. A começar pelas próprias igrejas. Também nelas houve perseguições, perseguidores e perseguidos.

 

Os perseguidores invocam o nome de Deus. Mas só os perseguidos podem estar certos da Sua presença.

 

A história, segundo Deus, não é como a contamos.

publicado por Theosfera às 11:48

De António a 28 de Abril de 2011 às 14:35
Muito belo este seu texto, estimado Padre João António, mas há perguntas irrespondíveis.

Alguém, que já entrou na fase adulta, perdeu a sua amada Mãe quando tinha 6 anos.

Na altura, perguntou a Deus porque lhe " roubou" a sua querida Mãe.

Hoje, é ateu. De Deus não obteve qualquer resposta...

De Theosfera a 28 de Abril de 2011 às 16:29
Muito obrigado, bom Amigo. Este texto do Talmude corresponde a uma convicção muito forte e a uma verdade muito funda. Mas nem sempre é traduzível na nossa sensibilidade. O próprio Jesus Se confessou abandonado por Deus. Por estes dias, a propósito da beatificação do João Paulo II, fala-se muito de pessoas que sentem as intervenções de Deus. Mas não falta quem experimente o Seu silêncio. Tudo isto pertence ao mistério. Uma certa teologia que tudo pretende explicar quase asfixia a transcendência inabarcável. A teologia, se o quiser ser deveras, sofrerá sempre de uma certa gaguez...
abraço amigo no Senhor.

De António a 28 de Abril de 2011 às 17:03
Estimado Padre João António:

Nunca conheci ninguém que tivesse tanta fluência discursiva como o meu bom Amigo.

O senhor, para além da sua infinita erudição, emana sempre a profundidade da Palavra de Deus.

Eu sou apenas um dos muitos filhos de Deus. E só por isso me posso permitir dizer que Deus um dia me respondeu, quando Lhe perguntei onde estava.

Foi assim:

" Procura-Me no Silêncio..."

Abraço amigo

De Theosfera a 28 de Abril de 2011 às 19:31
Pura bondade sua, bom Amigo. Agradeço-lhe penhorado. Quanto à resposta que ouviu da parte de Deus, já Agostinho da Silva assinalava que Deus é «logos», mas muitas vezes parece «a-logos». De uma coisa estamos seguros: não pelas palavras que muitos Lhe atribuem que Ele Se encontra. Parafraseando uma conhecida máxima bíblica, seria tentado a dizer que é mais fácil encontrar Deus nas profundezas do silêncio do que na suposta eloquência de muitas palavras.
Muito obrigado. Abraço amigo no Senhor.


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