Há qualquer coisa de surreal na conjuntura que estamos a atravessar.
Se o nosso problema é a despesa, como entender esta aventura eleitoral? Os dois principais partidos estimam gastos na ordem dos quatro milhões de euros!
É claro que a democracia tem custos. Mas também tem benefícios.
Sucede que, na hora presente, só damos conta dos custos.
Mesmo assim, antes a pior das democracias que a melhor das ditaduras.
O fruto da democracia não se afere só pelos resultados. Afere-se, antes de mais e acima de tudo, pelos princípios, pela conduta, pelos valores.
Só que a democracia tem de ser permanentemente refundada até para não abrir as portas à sua negação.
O respeito pela lei em articulação com a justiça e a vontade das pessoas são as vértebras que nunca podem ser desatendidas ou negligenciadas.
A hora não é entusiasmante. Mas o momento que vivemos é uma oportunidade soberana para repormos o essencial na nossa vida cívica: decência, verdade e solidariedade.
A democracia está em crise. Mas não está moribunda.