Onde esteve Jesus desde a Sua morte até à Sua ressurreição?
Eis um dos mais estimulantes convites à procura do saber e, ao mesmo tempo, um dos mais poderosos certificados do não-saber. Não é ilícito procurar aquele, mas é importante aceitar este: não é o não-saber uma das expressões mais vivas do saber?
Escutemos o que diz Hans Urs von Balthasar: «Eloquentes quando descrevem a paixão de Jesus vivo até à morte e sepultura, os Evangelhos tornam-se naturalmente silenciosos quando se trata do tempo
que medeia entre o sepultamento e a ressurreição.
Devemos estar-lhes gratos por isso. O silêncio pertence à morte, não apenas no que se refere à tristeza dos que sobrevivem, mas, principalmente, em relação ao paradeiro e à situação do morto».
Mas, sinceramente, quem lê este magnífico texto fica com a impressão de que von Balthasar até presenciou o que aconteceu.
O saber que resulta deste não-saber primordial permite-nos chegar ao essencial: este acontecimento (descida de Jesus à terra) «é sobretudo salvífico, significa a introdução dos frutos da Cruz no abismo da perdição e da morte».
Há uma passagem no Evangelho de Nicodemos que ilustra esta afirmação: «À meia-noite, um clarão de sol penetrou naquelas trevas e todos os recantos do Hades tornaram-se luminosos»!
Mas, amigo leitor, leia mesmo este texto de von Balthasar. Ficará como eu: extasiado!