Uma hetero-avaliação pressupõe sempre uma disponibilidade para a autocrítica.
Verdade seja dita que o Papa não se tem poupado a este duplo esforço.
Do que disse esta manhã fica o reconhecimento de muita dedicação, mas ecoa também uma pergunta inquietante: «Porventura nós, povo de Deus, não nos tornamos em grande parte um povo marcado pela incredulidade e pelo afastamento de Deus?»
Esta interpelação pode ser lida em ligação com a afirmação de Pacheco Pereira («Quanto mais perto da Igreja, mais longe de Deus»).
Há, sem dúvida, muitas luzes no caminhar do Povo de Deus e o Papa não deixa de as apontar. Mas o que mais interpela nesta hora é a sombra da incredulidade.
A impressão que, muitas vezes, subsiste é que, dentro do próprio Povo de Deus, a fé está obscurecida. Aliás, já há décadas, Ratzinger ventilava a possibilidade de a Igreja ser não um anúncio, mas um obstáculo.
Nesta hora, entremos no silêncio da meditação, do exame, da autocrítica.