«Laico é quem não é religioso», diz o articulista de um conhecido jornal.
É a definição mais vulgar. Será a mais genuína?
Laico vem de laos e laos significa povo.
Trata-se, por isso, de uma noção abrangente.
Laico é quem faz parte de uma comunidade. É quem assume e expressa a sua identidade e aceita a expressão da identidade dos outros.
A laicidade é, neste sentido, o sintoma da maturidade de um povo. É a capacidade de conjugarmos as nossas diferenças sem nelas vermos antagonismos.
Não são as diferenças que afastam. Para Unamuno, até reforçam a união.
As diferenças são uma escola. Aprender é abrirmo-nos ao que não sabemos, é integrarmos a diferença.
Na vida, não aderimos a tudo. Mas não podemos excluir a manifestação de nada. O único limite é a perturbação da paz e da convivência.
Numa correcta laicidade ninguém se sobrepõe. Todos se irmanam.
O sinal da laicidade não é quando alguns apontam o dedo. É quando todos dão as mãos.