O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 18 de Abril de 2011

A virtude é, sobretudo, uma tentativa, um contínuo esforço e uma saudável teimosia.

 

Ela nunca exclui a falha e inclui sempre a insistência após a falha.

 

É por isso que a exibição de virtude é pouco apreciada. Pressupõe uma superioridade moral que nem sempre encontra o devido enquadramento na vida.

 

Um discurso que não tolere a falha tem, inevitavelmente, um efeito contrário: torna intolerável a falha de quem não tolera a falha.

 

O exibicionismo não é, ao contrário do que se possa pensar, uma forma de revelação. Acaba por ser um modo de esconder. O problema é que, nos tempos que correm, se torna cada vez mais difícil esconder.

 

Daí que um banho de humildade seja sempre purificador. Uma certa animosidade para com a Igreja não está tanto nas falhas que nela ocorrem. Radica na pretensão (implicitamente sugerida) de que os seus membros são melhores.

 

A Igreja não é formada pelos melhores, mas por pessoas que se dispõem a dar o seu melhor. Não se trata, pois, de alardear virtudes nem de esconder falhas. A transparência é o certificado da autenticidade.

 

O ensinamento de Jesus é precioso também a este propósito. Ele não pressiona nem exclui. A própria pecadora é acolhida. E, no último instante, o paraíso é franqueado a um ladrão.

 

Será que já nos apercebemos de que, como lembra subtilmente Timothy Radcliffe, o primeiro cristão a ir para o céu foi um ladrão?

 

É claro que, desde o princípio, não foi fácil aceitar isto. Segundo um poema siríaco muito antigo, houve um anjo que tentou impedir que o bom ladrão entrasse no céu!

 

Só que Aquele que veio chamar os pecadores (cf. Mc 2, 17) não iria deixar ninguém de lado, muito menos «aqueles cujas vidas são um caos».

 

Contundente foi Jesus para com aqueles que se julgavam superiores e humilhavam os humildes. O farisaísmo foi sempre o que mais espoletou sentimentos de revolta no Mestre dos mestres.

 

A presunção de superioridade moral leva as pessoas a investigar falhanços e a divulgá-los até com regozijo. O problema é que tal presunção de superioridade moral pode degenerar na presunção de veracidade de factos sem confirmação. Presunção atrai presunção e pode haver inocentes prejudicados.

 

Nenhum exibicionismo é cristão. E para quem se julga melhor que os outros não deixe de pensar que foi um ladrão o primeiro cristão a subir ao Céu. Não são os pecadores que ficam de fora... 

publicado por Theosfera às 10:42

De JAZMAL a 18 de Abril de 2011 às 14:31
Aparentemente está o Poder entregue a abutres que ,como necrófagos que são, se movimentam nos meandros da Morte, seja impondo rituais de punição como até numa política de continuidade cujas faces espelham a realidade que vivemos.Sendo estes instrumentos autónomos que retiram «almas perdidas» e regem a sociedade desta forma, dificilmente cederão parte deste património a quem quer que seja.«Se o dono da casa soubesse a que horas vem o ladrão não o deixaria entrar».
«Eis que venho como ladrão»-diz o Senhor.Senhor do Tempo sem dúvida.-Curiosamente é-lhes permitido negociar novos tempos, séculos e milénios transbordando estes a medida de purificação atribuída á «palha» que reveste o verdadeiro corpo «renascido».É
pão feito carne que determina um tempo vivo onde lhes é vedado o acesso.

De Anónimo a 18 de Abril de 2011 às 14:44
Caro Amigo:

Fiquei maravilhado com esta belíssima reflexão. Verdadeira, oportuníssima, bem enquadrada no momento litúrgico, proposta clara aos desafios que o tempo coloca.
Ajudou-me a meditar e vou partilhar com a comunidade.
Bem-haja, mais uma vez, pela partilha.

Um santa Semana Santa para o bom Amigo.

De Theosfera a 18 de Abril de 2011 às 14:48
Muito obrigado, do fundo do coração. Abraço amigo no Senhor Jesus que franqueia as portas aos pecadores e também não as nega aos que se consideram justos! Benditas as larguezas rasgadas do coração de Deus!


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