Há cinquenta anos começou a guerra colonial no (então) chamado ultramar.
Tantos lá sofreram. Muitos por lá morreram.
Fomos lutar pela terra. Mas o que lá deixámos foi sobretudo sangue. Muito sangue.
Ainda sinto os ecos dos gritos de tantas mães no funeral de seus filhos!
Lutar contra as evidências nunca foi um bom princípio.
Os anos 60 já não corriam fagueiros para impérios. Iria Portugal ser a excepção?
Ficou a cultura. Ficou a fé. Ficou a amizade.
Tudo podia ter terminado de outra forma.
Uma só vida é preciosa. Nenhum pedaço de terra justifica que o sangue se derrame.
Hoje não penso em quem ganhou ou perdeu. Penso, sim, em quem partiu, em quem lutou, em quem caiu.
A terra é sagrada. Mas, como lembra Shimon Peres, a vida humana é-o muito mais.
Portugal já não vai do Minho a Timor. Mas continua a ir por todo o mundo.
Desde recanto continuamos a partir.
Já não vamos dar novos mundos. Andamos a participar na (re)construção do mesmo mundo!