Num caos de contornos labirínticos, é natural que não seja fácil ver por onde começar a tão necessária recuperação.
Mas só há um caminho: a educação.
Acontece que, neste momento, também o mundo da educação é mais o sintoma da crise do que o sinal da superação da crise.
E, aqui, o problema não se restringe (longe disso) à escola. A educação começa (e, muitas vezes, acaba) em casa.
Já estamos todos tão sufocados pelo novo paradigma educacional que mal divisamos um rumo diferente.
Todas as discussões, aliás, ocorrem dentro do mesmo paradigma. Limitam-se a propor melhorias, quando o importante seria apostar na diferença.
Quando se diz que temos a geração mais preparada de sempre, diz-se uma parte da verdade.
Não há dúvida de que nunca, como hoje, houve tanta gente diplomada.
Só que a formação escolar e o percurso académico tendem, cada vez mais, a privilegiar as competências. Temos muita gente competente nas tecnologias.
E isso é, indiscutivelmente, importante. Mas não chega.
Só haverá mudança na sociedade quando a educação voltar a priorizar os valores, os princípios, a conduta, a ética, a sabedoria e as humanidades.
Nada disto faz obscurecer o lugar da técnica. Pelo contrário, dá-lhe uma nova luz.
Só com um novo paradigma de educação seremos sensíveis à situação das pessoas, que são muito mais que números.
Só com um novo paradigma de educação olharemos de outra forma para os desempregados, para os desalojados.
Só com um novo paradigma de educação sofreremos com quem sofre.
Em suma, precisamos de especialistas do universal.
O problema actual não é só (nem principalmente) financeiro ou económico.
É muito mais vasto, muito mais fundo.
Ir à raiz é fundamental. Sem raízes não há frutos.