O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 31 de Março de 2011

Cada fase da vida tem as suas perguntas próprias.

 

Há as perguntas do início da vida, as perguntas do meio da vida e as perguntas do fim da vida.

 

Tudo isto é dissecado no mais recente livro de Tolentino de Mendonça que, a propósito, evoca Dante: «A meio do caminho desta vida me vi perdido numa selva escura».

 

É um conjunto de textos que depõem a favor da procura incessante do divino a partir do fundo da alma.

 

O elogio do silêncio na relação com Deus entronca na defesa da verdade como construção sobretudo interior. Traz Kierkegaard à colação para dizer que «a verdade não é algo externo, que descobrimos como proposições frias e impessoais, mas algo que experimentamos no nosso interior, de maneira pessoal».

 

No meio do caminho, «olhamos e a vida tornou-se uma floresta. As evidências parecem-nos menos frequentes e acessíveis». Para o poeta, «a sensação que nos sobrevém é a de uma desorientação ou de um certo adormecimento interior».

 

Apesar dos recursos da linguagem, chega um momento em que «fazemos a experiência da impossibilidade de nos dizermos, ou de nos dizermos totalmente».

 

Mais do que viajantes, na vida somos peregrinos com um rumo sempre aberto ainda que nem sempre pareça disponível.

 

Se nem sempre nos dizemos quando falamos, resta dizermo-nos quando peregrinamos.

 

O nosso caminho é a nossa voz.

publicado por Theosfera às 10:45

De António a 31 de Março de 2011 às 14:43
Nos tempos que correm, muito se acentua a necessidade de evocarmos a mais aprimorada concepção de Deus. Já chega de medíocres a pretenderem conduzir os demais em matéria de foro religioso. Foram sempre esses medíocres que danificaram a Imagem de Deus, que O distorceram na Sua Dimensão Essencial. Simone Weill dizia que não poderia acreditar em Deus se Ele fosse apenas Omnipotente e Omnisciente e não fosse essencialmente Amor. Mas toda a tragédia da inclemência dita religiosa resulta de tais medíocres terem permanentemente invocado a Omnipotência e a Omnisciência de Deus, mas nunca a Sua Compaixão. O resultado está à vista: toda a História das Religiões nos mostra que foram sempre os medíocres a impor a sua distorcida visão de Deus. E essa visão ainda hoje permanece plasmada em muitos livros considerados sagrados e em muita dogmática teológica. Por isso Deus não se vê. Está quase completamento soterrado pelos actos decorrentes dessa humana mediocridade. Só resta um Caminho para aqueles que não se conformarem com a condução cega desses medíocres: falar claro...

De Theosfera a 31 de Março de 2011 às 16:25
Obrigado, bom Amigo, por esta belíssíma avaliação. Estou certo de que há uma gramática teológico-doutrinal que é mais obscurecedora que iluminadora. E além do monopólio do discurso, subsiste a tentação de neutralizar o diferente, encaminhando-o para as margens. Não deixa de ser curioso que, tendo Jesus optado pela distância em relação ao poder, acabem por ser estruturas de poder a determinar a doutrina acerca d'Ele. É um paradoxo. Daí o acerto de uma célebre frase de D. Óscar Romero: »A Igreja é chamada a identificar-se com os pobres». Não apenas a dar aos pobres, mas a ser pobre. Porque Jesus também o foi. O argumento iconográfio tem maior valimento que o argumento doutrinal que descure o testemunho de vida. Obrigado por tudo. Muita paz em Jesus pobre, humilde e soterrado. Abraço amigo.

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