Um teólogo, diz Olegario González de Cardedal, tem de aliar a complexidade da inteligência à simplicidade do coração.
Soube que acaba de morrer um pensador profundo, adornado por um coração sensível.
Morreu, enfim, uma voz livre e um coração bom.
Joseph Comblin nasceu na Bélgica, em 1923, e, após a ordenação sacerdotal, foi para o Brasil.
Não se limitou a esmolar os pobres. Identificou-se com eles.
Foi assessor de D. Hélder Câmara e sistematizou um pensamento teológico articulado em torno da libertação.
Não pairava sobre a realidade. Envolvia-se nela e optava.
Morreu ontem, de repente, quando estava a dar um curso.
É com pena que vemos partir mais uma referência de alto gabarito numa altura em que também a Teologia parece ferida por algum conformismo.
O medo ameaça bloquear alguns intentos renovadores.
Que o exemplo do Padre Comblin faça florescer uma nova primavera na Teologia.
Que ela nunca se demita de ser saudavelmente crítica e profeticamente incómoda.
Só assim será uma Teologia cristã.