Enquanto vulcão de emoções habitualmente reprimidas, o desporto acaba por ser um retrato da sociedade.
E, neste capítulo, o Sporting pode ser visto como um espelho de alguma degradação da sociedade portuguesa.
Outrora, este clube era conhecido pela compostura dos seus dirigentes, atletas e adeptos. O seu civismo manifestava-se, particularmente, mas horas de adversidade.
De há uns tempos para cá, tudo tem vindo a mudar.
A campanha para a presidência do clube foi marcada por uma agressividade inesperada entre os candidatos e por uma violência inaudita entre simpatizantes.
Basta olhar para alguns comentários que circulam nos diversos espaços informativos. Até parecia que o adversário morava em casa.
Ontem, houve eleições. A contagem de votos demorou. Foi anunciado um vencedor. Terá sido pedida uma nova recontagem. Foi indicado um outro triunfador.
É natural que a euforia e a desilusão mudem de campo. Muita coisa pode explicar alguma amargura. Mas nada justifica o desacato e o insulto.
Percebe-se que a comunicação social goste de trabalhar por antecipação. Mas, diante de um ambiente efervescente, a prudência era recomendada.
Durante horas, um vencedor era dado como certo. Sucede que a informação oficial diz que nunca houve dúvidas quanto aos resultados. A demora destes terá ficado a dever-se ao processo.
As imagens desta noite irão, seguramente, marcar a actualidade deste domingo chuvoso.
O Sporting tem vindo a perder muito. Já não nem o civismo lhe restará?