Nesta época do ano, fala-se muito do Baptismo.
Aliás, a celebração anual da Páscoa, que apareceu depois da celebração semanal da Páscoa, surgiu por causa do Baptismo.
Durante séculos, o Baptismo era celebrado na Vigília Pascal. Sto. Agostinho, por exemplo, relata o que foi o seu Baptismo, aos 33 anos, na noite de 24 para 25 de Abril de 387 na catedral de Milão por Sto. Ambrósio.
Actualmente, serve a Quaresma não apenas para preparar a celebração do Baptismo, mas também para ajudar a revitalizar o Baptismo já recebido.
Para a Igreja, o Baptismo (juntamente com o Crisma e a Ordem) é um sacramento que imprime carácter, isto é, afecta o ser da pessoa. É por isso que não é reiterável.
Por conseguinte, quem é baptizado torna-se cristão e cristão para sempre.
Isso não impede, porém, que muitos (sobretudo os que são baptizados na infância) tomem outras opções ao longo da vida. A liberdade não fica afectada.
Há, porém, quem queira mais. Pelos vistos, há um movimento a promover o Desbaptismo. Trata-se de pessoas que, tendo optado pelo ateísmo ou sentindo-se pura e simplesmente afastados da Igreja, pretendem que a Igreja como que apague o seu nome nos livros de registos do Baptismo.
Se não são católicos, entendem que não faz sentido que os seus nomes constem como baptizados.
Parece que há casos em que tais pretensões foram atendidas, recebendo as pessoas uma notificação do género: «Abandonou a Igreja por um acto formal».
É claro que o problema, para a Igreja, levanta algum melindre. Se ela entende que o Baptismo é para sempre, não poderá anulá-lo.
O mais prático será, quanto a mim, desburocratizar a situação.
A Igreja não obriga ninguém a baptizar-se. Quem baptiza os filhos, sabe quais são as implicações.
As convicções devem ser respeitadas. Tanto as das pessoas como as das instituições.
Simplificar pode ser, pois, o mais sensato. Quem, em consciência, tomar opções diferentes, é livre de o fazer. Se entender comunicá-lo à paróquia onde foi baptizado, também não haverá problema. Se tiver vontade de ficar com uma resposta, esta deverá ser dada. Mas creio que não valerá a pena insistir muito nas formalidades.
O que deveríamos era reflectir nos sinais. Olhando para os testemunhos, uma coisa avulta: a vítima é Deus, mas o contencioso é com a Igreja.
Com serenidade, abertura e muita humildade, é urgente apostar num prolongado exame de consciência.