Ainda não há razão para alarme, mas começa a haver razões para uma certa cautela.
Como se viu nos últimos dias, a Europa está mais atenta a Portugal do que Portugal à Europa.
Um dos motivos que leva a Europa a impor medidas tão dolorosas como contrapartida para o apoio é que os governos de muitos países estão a ser acossados pelos cidadãos e por algumas forças políticas.
O consenso em torno do ideal europeu está a esbater-se perigosamente. E, para nosso pesar, nos países mais prósperos, a extrema-direita cresce a olhos vistos.
Ora, a extrema-direita não pretende cooperar, acolher, integrar. O seu propósito é romper, afastar, excluir.
A França já teve um Le Pen na segunda volta das presidenciais. Agora, arrisca-se a ter uma Le Pen na presidência. Para já, as sondagens são muito favoráveis a Marine Le Pen.
Pode acontecer que o poder suavize alguns impulsos e leve alguns actores mais radicais a moderarem os seus projectos.
Mas não alimentemos grandes ilusões. A ascensão destas forças corporiza uma saturação e uma vontade de dar uma guinada no rumo que tem vindo a ser seguido.
Com este discurso a obter repercussão, a vida de um país como Portugal fica ainda mais difícil.