O ateísmo não é apenas uma confrontação. Pode ser visto, acima de tudo, como um estímulo e um convite à purificação.
Não percamos de vista que, no princípio, muitos cristãos foram vistos como ateus. Recusavam-se a aceitar toda e qualquer imagem da divindade. Por isso, muitos foram perseguidos e mortos.
É meritória a iniciativa da Santa Sé ao promover encontros com não crentes. Escutar as razões do não ajuda-nos, como já reconhecia Karl Rahner, a melhor aprofundar as razões do nosso sim.
Mas é importante que tudo isto seja transportado para o quotidiano. Que a Igreja aposte na escuta humilde. E que pense se não são muitas das atitudes que ocorrem no seu seio que espicaçam o ateísmo de outros.
Estudando um pouco a tipologia da descrença, facilmente concluímos que o problema não é tanto Deus. São as religões.
Chamam-se estes encontros «Pátio dos Gentios». A raiz é bíblica. Mas talvez a opção não seja a mais feliz.
Em relação a Deus, ninguém é gentio. Todos são próximos. Incluindo os que consideram estar longe. E que, por vezes, até podem estar mais perto do que aqueles que se julgam próximos.
Eis um juízo que tem de ficar mesmo para Deus. Só Ele sabe quem capta melhor o Seu mistério. E reproduz mais claramente a Sua bondade.