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Quinta-feira, 24 de Março de 2011

O que me levou, desde criança, a simpatizar com o Sporting não foi o que se passava dentro do campo. Era o que transparecia fora dele.

 

De facto, não eram os golos nem os títulos que me convenceram. Desde há muito que são poucas as conquistas. O que mais me impressionava era o porte dos seus dirigentes, era a compostura dos seus atletas.

 

Havia uma certa aristocracia no trato, na cortesia, na afabilidade.

 

Tirando os anos 40 e 50 (em que dominou o futebol), o Sporting era o que fazia contraponto ao Benfica, o crónico vencedor de troféus.

 

O Sporting, durante muitos anos, foi aquele que impediu o Benfica de chegar ao tetra. Várias vezes, o clube da Luz conquistou três campeonatos seguidos. Quando se aprestava para chegar ao quarto, lá aparecia o Sporting.

 

Nas outras épocas, perfilava-se como o maior opositor do Benfica. Aliás, dois símbolos atestavam esta bipolaridade. Eusébio era quem melhor fazia os golos. Vítor Damas era quem mais tentava evitá-los.

 

Ganhar é um conceito muito amplo, polissémico, englobante. E a compostura do Sporting, mesmo quando a vitória não sorria, era uma marca de distinção.

 

Triunfar era algo que não se circunscrevia ao campo. Havia ali um savoir-faire que avultava e convencia.

 

Pois parece que até este reduto de diferença se está a evaporar rapidamente.

 

Vai haver eleições no sábado para a presidência do Sporting.

 

Há cinco candidatos. É natural que apresentem argumentos.

 

Mas o clima de crispação está a tornar o clube irreconhecível e pouco conciliável com a sua história.

 

Uma rápida passagem pela blogosfera permite ver o desnível da linguagem que se usa, os ataques e as insinuações.

 

O Sporting está a tornar-se demasiado igual aos outros. Sem que nada garanta que, com isso, venha a ganhar tanto como outros.

 

O que parecia estar no seu código genético tende a desaparecer.

 

Quando se foge à natureza, as coisas não correm bem.

 

O Sporting pode ser um clube vencedor mantendo a sua identidade, a sua imagem de marca.

 

A pressa de chegar ao topo pode conduzir a uma queda grande.

 

E não há nada que pague a compostura da serenidade.

publicado por Theosfera às 21:43

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