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Quarta-feira, 16 de Março de 2011

Não são apenas os gestos que ferem. Há palavras que também magoam.

 

Mais. Por vezes, é de palavras agressivas que se passa a agressões.

 

George Orwell advertiu que a degradação das sociedades começa, não raramente, pelas palavras.

 

Daí a imploração do poeta (no caso, Tolentino de Mendonça): «Não uses palavras; qualquer palavra que me digas há-de doer pelo menos mil anos»!

 

O panorama que a actualidade nos oferece resume-se a uma ensurdecedora trovoada de palavras.

 

Façamos um breve conspecto pelo que a nossa memória alcança a partir de jornais, de blogs, da televisão ou simplesmente da rua. Encontramos palavras que sirvam para unir, para encorajar, para abrir janelas de esperança?

 

Algumas encontraremos, sem dúvida.

 

Mas o mais provável é que acumulemos palavras que sabem a fel, que denotam arrogância ou que encerram violência.

 

Parece que, no hebraico, a raiz dbr tanto dá para palavra como para peste.  

 

Nada mais pertinente, convenhamos.

 

É urgente reabilitar a palavra. É fundamental reconduzi-la à sua fonte.

 

Se antes de falar, acharmos que o que vai ser dito vai ferir ou magoar, façamos um compasso de espero.

 

Antes a sobriedade do silêncio do que a tórrida tempestade de certas palavras.

publicado por Theosfera às 11:32

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