O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 16 de Março de 2011

As palavras têm uma origem, percorrem um caminho e constroem uma história.

 

Sucede que, não raramente e como notou Ludwig Wittgenstein, o seu significado é tomado não a partir da sua génese, mas a partir do uso que lhe é dado ao longo do tempo.

 

Católico tornou-se indicador de parcela. Designa uma parte dos crentes, dos cristãos.

 

Sucede que, etimologicamente, católico evoca não uma parte mas o todo.

 

O primeiro a empregar este conceito terá sido Aristóteles, na sua célebre Metafísica.

 

Aí defende que a verdade é católica. Está na totalidade. Hegel e von Balthasar repetiram este ensinamento nas suas obras.

 

Decompondo a palavra, encontraremos kath olon, isto é, segundo o todo.

 

A vida portuguesa vive um momento em que precisava muito de assentar nesta perspectiva.

 

A totalidade está a ser dirigida por uma parte. Esta parte diz que a sua perspectiva é inegociável.

 

A condução do país assemelha-se a uma litigância judicial. Várias partes em confronto. Apenas uma executa o seu programa.

 

Isto é empobrecedor. A parte devia ser iluminada pelo todo. Não devia ser o todo a ser condicionado pelas partes.

 

A verdade é integradora e, por isso, conciliadora e pacificante.

 

Muita falta faz a competência. Mas mais falta faz ainda a sabedoria. Daí o acerto da (inquietante) pergunta de T. S. Eliot: «Onde está a sabedoria que nós perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que nós perdemos na informação?».

 

  Não nos fixemos apenas no que temos conquistado. Pensemos sobretudo no que temos perdido. E procuremos reencontrá-lo.

 

É no todo (e em todos) que a verdade nos visita. Insistir nos pontos de vista parciais, quando em causa está a totalidade, é perder tempo e desperdiçar oportunidades.

publicado por Theosfera às 10:58

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