Acerca de Deus, o primeiro (e fundamental) trabalho é desconstruir.
As ideias que temos acerca d'Ele pouco (ou nada) correspondem a Ele.
Aliás, João já nos previne no prólogo do Evangelho que escreveu: «A Deus ninguém jamais O viu; o Filho único, que estava no seio do Pai, é que no-Lo deu a conhecer».
Muitas vezes, pensamos num Deus castigador, num Deus vingativo, num Deus cruel. Era o que corria no tempo de Jesus.
Os que são perseguidos e mortos estão a receber castigo? Por amor de Deus!
Deus não está com os que oprimem, mas com os oprimidos.
A adversidade não é castigo; é oportunidade.
Deus, aquele que é e aquele que está, é a chama de que nos fala o livro do Êxodo: arde, mas não queima; ilumina, mas não extingue.
É Deus que toma a iniciativa. É Ele que nos chama. É Ele que nos ama.
Já reparamos no mal que, em nome de Deus, podemos fazer a Deus?
É por isso que, às vezes, é preciso ser um bocadinho (só um bocadinho, atenção!) ateu. Um certo ateísmo pode ser purificador. Desvia-nos de um deus à nossa medida e aproxima-nos da medida de Deus.
Consta que o mestre Eckhart rezava assim: «Meu Deus, livra-me de "deus"»!
Há imagens de Deus que é urgente negar já que não passam de caricaturas, de distorções.
É como se Deus fosse a nossa imagem em vez de sermos nós a imagem Sua.
Deixemos que Deus seja Deus. E Deus é amor. Só. E sempre!