Se dúvidas houvesse de que poderemos vir a ter uma alternância sem alternativa, o que aconteceu há dias fez questão de as dissipar.
Muitos já incorporaram a ideia de que é possível, a curto ou a médio prazo, haver uma alternância no Governo do País.
Mas dessa alternância dificilmente advirá uma alternativa. E a prova foi a discussão em torno dos vencimentos dos gestores públicos.
O partido da alternância recusou-se a ser alternativa. Votou ao lado do Governo.
Daí que as sondagens não mostrem nenhum partido a descolar. Para que serve uma alternância que não constitua uma alternativa? Para fazer igual, que fiquem os mesmos, pensarão não poucos.
Numa questão tão sensível, perdeu-se uma oportunidade soberana de sinalizar a diferença.
Muitos começam a ficar resignados e destituídos de esperança. E daí as vozes, como as de Rui Rio ou Jorge Sampaio, que preconizam uma reflexão mais funda.
Neste tempo em que tudo corre a uma velocidade desmedida, não deixa de ser sintomático que uma alternância se vá esgotando ainda antes de ser experimentada...