A gaguez deve ser vista não apenas como uma deficiência, mas sobretudo como um aviso.
Divisa-se, hoje em dia, na panóplia de meios de comunicação, uma tentação muito grande.
Há quem goste muito de falar, mesmo quando nada tem para dizer.
A gaguez pode ajudar, por estranho que pareça, a melhorar a qualidade da comunicação.
Ela pode ser até uma terapia para a comunicação.
A comunicação tem de ser vista como presença, como partilha, como oferta, como acolhimento. E não como mero ruído ou flatus vocis.
Mais do que curar a gaguez, importa curar (ou, pelo menos, não descurar) a comunicação.
Se pensarmos na estética e na ética, o panorama actual não é muito animador.
Não se comunica bem. Não se comunica o bem.
A gramática sofre agressões constantes. As pessoas acumulam insinuações contínuas.
Há falta de qualidade e défice de elevação.
Há abundância. Mas o ar está pesado. O clima comunicacional está longe de ser sadio.
As excepções, como sempre, confirmam a regra. E acabam por infirmar a tendência dominante.