Ao invés do que sucede nas ciências exactas, na história não há resultados garantidos. Há, sim, fórmulas testadas, experiências tentadas, caminhos percorridos, desfechos incertos.
Só no fim se sabe se o feito se torna per-feito ou se redunda em de-feito.
A multidão que, na Tunísia e no Egipto, depôs regimes autoritários está a sentir, na Líbia, a crueldade do autoritarismo.
Na Líbia, por agora, não é o ditador que sai. São as pessoas que morrem.
O número de vítimas, para já incerto, vai subindo.
De tudo quanto está a ocorrer no mundo árabe sobra uma certeza e solta-se uma inquietação.
Não é só a pobreza que desencadeia a revolta. Como bem refere Dani Rodrik, a Tunísia e o Egipto até tinham bons indicadores económicos.
Acontece que, acrescenta o professor de Harvard, «uma boa economia não significa necessariamente uma boa política».
O crescimento económico, já notara Samuel Huntington, reforça a consciência política e aumenta o padrão de exigência por parte das populações.
O povo está mais atento e torna-se mais interveniente. Ora, isto leva-nos à China.
A China está a passar por um surto de desenvolvimento económico ímpar. E, como é sabido, os protestos têm aumentado. Tianamnen é um símbolo e, porventura, uma viragem.
O poder acha que, através da economia, pode contentar o povo. Só que a experiência mostra que é sensato não contar com o progresso económico para quem quer que seja se perpetuar no poder.
Se esta vaga de explosão contestatária chegar à China, que acontecerá?