Não houve atentados. A revolução do Egipto foi feita pela palavra, pela voz, pela persistência. E, coisa não desprezível, conseguiu dois objectivos nada fáceis: derrubar uma ditadura e afastar o radicalismo.
Parece-me ainda cedo para afirmar que o 11 de Setembro está extinto.
Mas creio ser possível reconhecer que o 11 de Fevereiro constitui o nascimento de uma nova era.
O século que começara a 11 de Setembro de 2001 recomeçou a 11 de Fevereiro de 2011.
A onda de surpresa é semelhante.
Poucos achariam que pudesse haver um atentado como o do 11 de Setembro. E praticamente ninguém pensava que pudesse existir uma revolução como a de 11 de Fevereiro.
É, aliás, curioso notar que o Egipto está no epicentro dos dois momentos. Como é sabido, o número dois da Al-Qaeda, e tido como cérebro da operação do 11 de Setembro, era egípcio.
A história não é o cumprimento de um guião. Ela é, como bem notou Zubiri, um sistema aberto de possibilidades. Umas vezes, obscurece a nossa alma. Outra vezes, ilumina-nos com a esperança.
É notório que o mundo não estava preparado para lidar com o impacto do 11 de Setembro. Estará habilitado para encarar o que se abriu a 11 de Fevereiro?
Para já, as vozes fundamentalistas estão caladas. Tudo indica que o Egipto vai enveredar pela democracia. E há sinais de que o mundo árabe poderá seguir o mesmo caminho.
Houve mortes em tudo isto, mas, ao contrário do que estávamos habituados, não se ouviram bombas nem se cometeram atentados.
Daqui a dez anos, que balanço será feito? Irá o 11 de Fevereiro superar, de vez, o 11 de Setembro?
A força da persistência tem capacidade para vencer a persistência da força.
O Egipto está a colocar-se como um precioso laboratório do que pode ser o futuro próximo.