Tudo o que tem princípio tem fim.
Até o que parece invencível acaba por ser vencido.
Acabam organizações, acabam clubes, acabam partidos, acabam regimes, acabam ideologias, até acabam países.
Portugal tinha uma monarquia que durava há séculos. Parecia consolidada. Nunca nenhum rei tinha sido assassinado. Isto descansava D. Carlos, que acabou por ser alvejado faz amanhã 103 anos.
Hoje, aliás, faz 120 anos que houve uma revolta no Porto, a primeira grande revolta republicana.
O povo ficou melhor com a república? Os dados são incontroversos. Não houve mais paz. Não houve sequer mais democracia. Nem sequer houve mais desenvolvimento.
A experiência ensina que é sempre mais um regime que cai do que outro que entra.
A monarquia estava em decadência em finais de novecentos. E a democracia não o estará hoje?
Não é a inércia que nos há-de orientar. É a vontade e, acima de tudo, o sentido de justiça.
Seja como for, nenhum regime é eterno. E, apesar de eu mesmo me rever no significado último da democracia, é preciso ter presente que nem a democracia perdurará por todo o sempre. Basta ler a volumosa obra de John Keane com o acutilante título Vida e morte da democracia.
S. Paulo chama a nossa atenção para a caducidade de tudo. Tudo acaba. Até a fé e a esperança. Depois de tudo vermos, já não precisamos da fé. Depois de tudo alcançarmos, já não carecemos da esperança.
O que nunca termina é o amor, a doação, a entrega.
Façamos da vida uma semente de amor. Se não houver amor, vale a pena viver?