A cor, a raça, a condição social, as opções religiosas e o nível cultural fazem parte do património imprescritível da humanidade.
Mas o que alicerça o respeito e a dignidade é o facto de cada um (homem ou mulher) ser uma pessoa, uma pessoa humana.
A maior igualdade, aquela que mais nos irmana, é que somos diferentes. Mas nenhuma diferença apaga a nossa condição humana.
No projecto criador de Deus e na mensagem fraternizante de Jesus, Portugal não foi dado só aos portugueses, a Espanha não foi dada só aos espanhóis e a França não foi dada só aos franceses. Na mente divina, a terra, toda a terra, foi dada aos homens, a todos os homens.
Quando nos consideramos filhos de Deus, consideramo-nos, nesse mesmo instante, irmãos de todos os homens.
Aquele que passa por mim, aquele que convive comigo é meu irmão. Pode não ter nenhuma afinidade comigo. Pode ter opiniões opostas às minhas. Mas há uma coisa que partilha comigo: a condição humana.
O sonho de Martin Luther King («I have a dream» é o que ele repete no seu discurso mais famoso) é um mundo onde todos se sintam irmãos.
O mundo é uma casa («oikos») onde todos devem ter um lugar.
Crescer para a vida é, antes de mais e acima de tudo, crescer no acolhimento do outro.
Não é fácil desmontar preconceitos. Einstein achava que era mais fácil desintegrar um átomo.
Como dizia Luigi Giussani, «educar é integrar na realidade total».
A realidade total não é só a minha, nem a da minha raça. A verdade, como se diz desde Aristóteles, é a totalidade.
O lugar do outro não é em baixo, nem atrás. Ninguém é inferior ou superior. O lugar do outro é ao meu lado, dentro de mim.
O melhor livro é o livro de cada ser humano.
Alto ou baixo, ocidental ou oriental, branco ou negro, cada homem transporta uma riqueza única.
Com cada ser humano, há muito para aprender.
É por isso que o acolhimento e a tolerância são valores mínimos indispensáveis.
Só quando acolhermos o outro como ele é nos conheceremos verdadeiramente como somos.
Sonhemos com um mundo em que ninguém seja excluído por causa da sua cor, raça ou credo.
Construamos um mundo onde a cor, a raça e o credo sejam vistos como uma riqueza para todos.
Na escola, aprendemos a conjugar verbos. Na escola da vida e na vida de cada escola, somos convidados a conjugar todas as formas de ser e estar.
Ninguém deve ser preferido. Ninguém pode ser excluído.
Todos somos necessários para a construção da obra mais bela: um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.