Às vezes, dou comigo a pensar no seguinte. A principal diferença entre a teologia portuguesa e a teologia espanhola é que a teologia espanhola existe.
É, naturalmente, com mágoa que colho este registo. Nem sequer se trata de uma tomada de posição. Trata-se tão-somente de uma simples aferição.
Uma obra como a que acaba de aparecer na Espanha seria impossível de surgir no nosso país.
Olegario González de Cardedal publicou um livro que condensa o percurso da teologia epanhola nos últimos cinquenta anos.
Entre nós, a Teologia, muitas vezes, oscila entre a repetição e a paráfrase.
Há condicionantes de vária ordem que, no conjunto, concorrem para o empobrecimento da vida eclesial e da presença cristã na sociedade.
Não há estímulos à investigação nem apoios para a publicação.
A Teologia, entre nós, limita-se, praticamente, à docência e aos manuais.
É claro que há excepções (muito estimáveis, aliás) que acabam por confirmar a regra.
A vitalidade da fé também se afere pela revitalizção da Teologia.
É necessária uma leitura da nossa realidade à luz da fé e da fé a partir da nossa realidade.
Precisamos, por isso, de uma teologia que não se fique pela robustez do conceito, mas que seja, acima de tudo, existencialmente interpelante.
A Espanha está tão perto. Mas a sua pujança parece, por vezes, demasiado longe.