O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 22 de Janeiro de 2011

Há palavras que servem para retomar o fôlego da conversa ou para entreter o interlocutor quando a ideia se eclipsa ou enquanto a ideia não chega. O caso mais célebre é o portanto.

 

Há, entretanto, um vocábulo que, acima de tudo, sinaliza os limites do pensamento e, de certa forma, a falência da comunicação. O caso mais conhecido é mistério.

 

Enquanto o portanto é um alimentador da conversa, uma espécie de compasso de espera, mistério é um ponto final, obtendo um efeito suspensivo.

 

Mistério é o que nos vem à cabeça quando nada mais conseguimos dizer.

 

Dotada de uma densidade única, esta é uma palavra que atiramos, especialmente, para a esfera do divino. Mas não só. Há realidades humanas que tendemos a ungir com o selo do mistério.

 

A China é um mistério para o mundo, designadamente para o ocidente.

 

Parece que a China nos conhece melhor a nós do que nós conhecemos a China.

 

Dotada de uma tradição espiritual forte, está dominada, há décadas, por um regime materialista.

 

Reprimida, a sua população dá sinais de pujança.

 

A economia compete com a norte-americana.

 

O regime é o mesmo, mas vai mudando. As pessoas ainda estão pobres, mas o Estado parece rico.

 

O Estado, aliás, apresenta-se como comunista, mas dá cartas no capitalismo.

 

Os direitos humanos é que permanecem uma questão inamovível.

 

Tiannamen mantém-se na memória. O prémio nobel da paz continua detido. O Tibete prossegue submetido.

 

É certo que esta semana, houve um ligeiro (promissor?) sinal. O presidente chinês assumiu, nos Estados Unidos, que «muito precisa de ser feito no que respeita aos direitos humanos».

 

Mas voltamos ao mistério chinês. Que Henri Kissinger resumiu, há décadas, do seguinte modo: os americanos habituaram-se a resolver problemas; os chineses preferem conviver com os problemas.

 

Reconhecer que há um problema nos direitos humanos é positivo. Mas bastará?

publicado por Theosfera às 11:38

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