Numa altura em que o frio aperta mas o sol espreita, quero acreditar que a esperança não migrou para um longe indetectável.
Quero crer apenas que ela entrou em pousio e que, nestas tardes gélidas, está a fermentar manhãs de luz.
Arrepia-me não somente o descontrolo das contas públicas. Fulmina-me por completo o desnorte emocional de tantos.
As notícias amplificam o caso mais particular, tornando-o num problema global discutido até à medula.
Há sentimentos alojados no coração que surpreenderão até os próprios.
Quero crer, porém, que a invernia não será eterna, apesar de já ser longa.
Qualquer coisa de bom irá germinar. Pena é que muitos sejam devorados pela violência assassina, devoradora e cruel.
O melhor não se vê. O essencial é invisível.
Os amanhãs, que alguns querem calar, acabarão por desabrochar.
Não desalojemos a esperança.