O tempo tudo transfigura e a distância tudo parece regenerar.
Até aquilo que, na altura, nos sabia a trivialidade consegue aparece revestido de doses surpreendentes de encanto.
Faz hoje, 20 de Janeiro, 50 anos que John Kennedy tomou posse como presidente dos Estados Unidos.
O seu mandato foi breve. O seu assassínio envolveu-o numa aura que o tempo não esbateu, antes ampliou.
O discurso que proferiu tornou-se antológico (cf. aqui).
A frase mais célebre continua a ser pertinente: «Não pergunte o que o seu país pode fazer por si; pergunte, antes, o que por ele pode fazer».
Quem já viajou alguma coisa pelas estradas da vida, é acometido por esta sensação: até os medíocres de outrora (e Kennedy nem era medíocre, mas estava longe de ser visto como um génio) sobrelevam de longe os mais capazes de hoje. Que, em comparação com eles, exibem uma mediocridade assustadora e perigosa.
Poucos pensaram, há 50 anos, que aquele discurso, além de curto, iria ser histórico.
A qualidade das palavras era grande. Não porque tresandassem a eloquência. Mas porque sabiam a sinceridade.
O que vem da alma é imortal.