Não precisa de ser poderoso nem afamado.
Não precisa de ser palavroso nem loquaz.
Não precisa de concordar nem de (nos) aplaudir.
Não precisa de estar sempre a rir e pode até chorar.
Não precisa de aparecer a toda a hora, porque, mesmo que não apareça, nós sabemos que ele está.
Pode ser alto ou baixo. Pode ser rico ou pobre. Mesmo pobre, é sempre rico.
Pode pensar como nós ou pensar de modo diferente de nós.
O amigo é sobretudo aquele que está.
É o que confia em nós e em quem nós confiamos.
É o que está em nós, mesmo que more longe de nós.
É o que nos escuta.
É o que usa a linguagem da verdade e não da bajulação.
É o que não diz nas nossas costas o contrário do que diz à nossa frente.
É o que nos diz tudo a nós e jamais fala mal de nós.
O melhor presente do amigo é o presente da (sua) presença.
É aquele com quem contamos e que conta connosco.
É o que chora ao nosso lado. É o que não desaparece nas horas de dor.
É o que não nos recrimina. É sobretudo o que nos acompanha.
O amigo não precisa prometer nada nem dizer qualquer coisa.
Nós sentimos o amigo nas horas de maior aflição.
Se o deixamos de sentir é porque, afinal, o amigo não era.
Onde está ele, o amigo?
A prosperidade sugere legiões de amigos. Mas é a adversidade que os selecciona e a vida que os testa.
Amigo é o que permanece quando todos partem.
Amigo não tem férias. Amigo é sempre amigo.
Amigo é Deus. Amigo é Jesus.
Amigo é quem vive o amor de Deus e a amizade de Jesus.
A amizade é, quase sempre, o silêncio repartido e a dor partilhada.
Quantos são os amigos?
Não serão muitos, mas são os necessários.
Às vezes, amigo não tem plural.
Mas cada amigo não é singular, único, irrepetível?