Morreu um homem bom, culto e afável e pouca atenção foi dispensada. E, no entanto, ele ajudou-nos a viver num país livre e democrático.
O silenciamento da morte de Vítor Alves parece (diria ironicamente) um acto de censura generalizada. Da censura que o 25 de Abril, em que ele participou, eliminou.
O país está suspenso do que nos é dito acerca do homicídio de Carlos Castro.
Como era de prever, os julgamentos são constantes.
Tudo é trágico nisto, inclusive nas doses contínuas de informação.
Há duas tragédias e duas vítimas.
A um roubaram a vida. A outro estragaram o futuro.
Nada justifica este crime. Mas haverá muito a explicar este desenlace.
A esta hora, não deveríamos estar apenas a comentar a jusante o que se passou. Deveríamos, acima de tudo, reflectir a montante sobre opções que tomamos e cujo desfecho não conseguimos imaginar.
Não seria mais proveitoso um pacto de silêncio para meditar no rumo da nossa existência pessoal e colectiva?