Nesta altura de embate com uma realidade ainda mais inclemente, um verbo vem à mente: desistir, desistir de trabalhar e até — quem sabe? — desistir de viver.
Perante isto, o Dalai Lama adverte que «só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver».
É assim que, diante da tentação de desistir, há uma força que nos vai levando a resistir. Ainda que a tentação para desistir seja avassaladora, tenhamos presente que, como já Viriato nos exortava, «mais vale pertencer a uma minoria que resiste do que a uma maioria que desiste»!
No fundo, é possível fazer de cada dia uma teofania, uma revelação de Deus, já que, embora não pareça, sentimo-Lo sempre perto e até dentro de nós.
É Ele que nos faz, permanentemente, o apelo: não desistas, começa, volta a começar.
Xavier Zubiri dizia que, no fundo, «a vida é uma sucessão de começos». E, quanto aos problemas que aparecem, há que encará-los e não dramatizá-los pois, como referiu Kahlil Gibran, «só se chega à aurora pelo caminho da noite».
Se cairmos no caminho, a solução é voltarmo-nos a erguer. Foi Séneca que exarou a recomendação: «Se um grande homem cair, mesmo depois da queda, continua grande».
Não é a queda que torna o homem pequeno. É a desistência que o anula. Às vezes, e como intuía Aristóteles, «é no fundo de um buraco ou de um poço, que acontece descobrir-se as estrelas».
Por isso, Irmão, não comeces a desistir e nunca desistas de começar. Mesmo que te custe.
Aquilo que esperas vai acontecer. Não saberemos quando, mas vai acontecer. «A esperança espanta o próprio Deus», como dizia Péguy. Portanto, ela vai, uma vez mais, surpreender.
Mantém a fidelidade. Mesmo que todos pensam e digam o contrário. Deus é o critério. Não são as maiorias que decidem. É Ele. Não O deixes. Ele também não te abandonará!
Faz da realidade um sonho. Faz do teu sonho realidade. A vida é uma teofania permanente. Deus está sempre a visitar-nos. Em todas as situações.
Porque não fazer, então, da terra uma única (e imensa) filadélfia, ou seja, um povo de amigos e de irmãos?