A História do Mundo também pode ser descrita como sendo a História do Fim. As perguntas acerca do para onde? e do para quê? ocuparam mentes e encheram páginas no decurso dos séculos.
O ser humano sempre teve o seu olhar dirigido para a frente, para o futuro, para o fim. É natural que, na proximidade do fim do ano, esse olhar se intensifique, embora nem sempre venha emoldurado com o desejado entusiasmo.
Usando duas conhecidas expressões de Jacques Séguy, dá a impressão de que os «paraísos encontrados» pelo coração facilmente se transformam em «paraísos perdidos» na realidade quotidiana.
É por isso que o pensamento do fim assusta um pouco o comum das pessoas. O terreno em que aparece o amanhã surge demasiado movediço. O fim desponta mais como destruição do que como plenitude.
Como sintetiza Jean Delumeau, há um contraste entre «dois sentimentos que se opõem. Por um lado, assistimos aos progressos contínuos da ciência e da técnica e apreciamos o conforto que nos trazem. Por outro, constatamos com melancolia que a ciência e a técnica não deram os resultados com que muitos dos nossos antepassados contavam. A verdade é que a felicidade continua a fugir diante de nós e de nada parece servir corrermos cada vez mais velozmente atrás dela».
É nestas alturas que temos de convocar as energias da esperança.
Não podemos descrer nem capitular. Os problemas existem não para nos vencerem mas para serem vencidos por nós.
Há que empreender na busca da nossa verdadeira vocação: enquanto pessoas e enquanto humanidade. «A humanidade inteira — escreve Jean Delumeau — tem uma vocação e cada um de nós é chamado a um destino que deve levá-lo até Deus».
No fundo, trata-se, na linha do que defendia Teilhard de Chardin, de «pancristianizar o universo». É esta, como recomenda John Eccles, a nossa autêntica natureza: «Procurar a esperança na busca do amor, da verdade e da beleza».