Eis um dia que devia pretextar alguma meditação e muito encantamento.
Deus entra na nossa história não pela via da opulência, mas pela via da humildade.
O sinal de Deus não está num palácio. Está numa manjedoura.
Eis a lição jamais devidamente apreendida. É tão frequente, nestes dois mil anos, ouvir falar do presépio num ambiente de pompa, com vestes sumptuosas.
Divino (eis a permanente interpelação) não é o grande caber no grande. Isso qualquer humano consegue. Divino é o infinitamente grande caber no infinitamente pequeno.
Vale a pena recordar, a este propósito, o aforismo de Hölderlin: «Non coerceri maximo, contineri tamen a minimo, divinum est» («Não ser abarcado pelo máximo, mas deixar-se abarcar pelo mínimo, isso é que é divino»).
Há, aqui, uma inversão de valores, reconhecida, aliás, por Maria no Magnificat: humilhação dos soberbos e exaltação dos humildes (cf. Lc 1, 52).
De facto, Deus inverte o máximo e o mínimo, o maior e o menor, o grande e o pequeno.
O máximo é o que parece mínimo. O maior é o que se apresenta como menor. O verdadeiramente grande é o que nos surge como pequeno.
Quando aprenderemos a lição da manjedoura?