Por esta altura é já grande a fadiga e incontrolável a ansiedade.
Até as crianças já perderam o encantamento da surpresa e a fantasia da expectativa do que poderão receber naquela noite santa. Agora fazem exigências, ainda por cima dispendiosas. Nas lojas acotovelam os pais: «Quero isto. E mais isto. E mais isto»…
Aos idosos, levamos apressadamente uma peça de roupa ou um bolo. E lá continuam eles na cama. Tantas vezes sozinhos. Quando muito, são convidados para a «consoada». Só que, na manhã de Natal, são reconduzidos ao abandono de há muito. À solidão de sempre.
Urge pois desmaterializar as ofertas de Natal. É preciso recordar que o maior presente é a presença.
É a companhia. É o afecto. É o apoio. É a certeza de que alguém pode contar connosco.
Não nos esqueçamos de que, para muitos, a noite de 24 para 25 deste mês vai ser uma noite triste. Uma noite sofrida. Uma noite chorada.
A casa até pode estar repleta de coisas. E a alma também poderá estar cheia. Mas de mágoas. De dores. De ingratidões sem fim…