O nome por que é conhecida já diz tudo (não dizendo nada) acerca do quadro de referências e de valores que nos são impostos.
Lady Gaga vai estar em Portugal.
Parece que o seu nome arrasta multidões, além de um séquito volumoso: nada menos que 34 camiões.
O que mais impressiona é verificar como, numa jovem de 24 anos, já nada existe de natural, de espontâneo, de puro. Tudo, nesta figura, é fabricado, é construído, colado. Tudo cheira a artificial.
Nem o nome é o dela. É todo o mundo que está nela. É toda esta subcultura que a domina por completo. É toda a anticultura que alicerça o seu êxito, mas que revela também o seu (e nosso) vazio.
Perturbador é sentir que não falta quem se reveja nestes ídolos. É que, ao contrário do ícone (que aponta para outro), o ídolo aponta para si.
O mundo do espectáculo e da moda acaba por constituir uma montra do estado a que chegamos: a mediocridade, o deslumbramento, a vaidade, o nada.
Não se vislumbra qualidade, beleza, autenticidade. Tudo é fingido. Tudo é gritado. Tudo é agitado.
E ainda há multidões que correm atrás destes modelos! Será o abismo que nos espera?
Quero acreditar que uma luz há-de brilhar. Há muito bem a ser semeado.
O problema é que os holofotes estão na direcção errada. Só nos mostram o que pouco vale.