Está este dia alojado na lembrança de uma meninice já distante.
O que se assinalava era sobretudo o carácter.
Não estava em causa se podíamos ter melhor nível de vida. Estava em causa a nossa identidade.
A independência significava que queríamos ser nós.
Queríamos ser nós não necessariamente contra os outros e desejavelmente com os outros. Queríamos ser nós, a partir de nós.
Os relatos de 1640, enturmados com as crónicas de 1385, despertavam na alma um vigor sublime.
Falar de independência, hoje, parece uma revisitação de um armário onde se arrumam recordações.
A nossa independência não passa de um eufemismo, de um recurso retórico com que queremos fazer alguma prova de vida.
Os nossos governantes recebem ordens lá de fora.
Desta fez, não foi necessária a força. Nós é que alienamos a nossa independência.
Com os outros países acontece o mesmo.
Não sei o que pensariam os nossos antepassados de seiscentos. Mas algum incómodo deveriam sentir. Afinal, deixamos de estar na periferia da Espanha para nos quedarmos na cauda da Europa.
Destino inevitável. Desígnio irreversível?