Por natureza (e sucessivos ensaios de definição), a escola é o espaço da abrangência.
Não se pede à escola que seja exaustiva. Mas exige-se-lhe que procure ser universal.
Daí até o facto de a escola superior ter o nome de universidade.
Não podendo tocar em todos os saberes, ela procura oferecer, pelo menos, o essencial de todos os conhecimentos.
É por tudo isto que a escola se torna um repositório da ciência e um laboratório de valores.
Na escola se aprende o conhecimento e a sabedoria.
Vicissitudes múltiplas e imprevistos vários, porém, estão a converter a escola no lugar da especialidade.
Formam-se peritos em várias áreas, mas está a esbater-se, cada vez mais, a percepção do universal.
Encontramos óptimos técnicos, mas deixamos de encontrar muitos sábios, embora estes ainda apareçam.
A cultura de Zubiri era tal que foi denominado especialista do universal.
A preocupação pela especialidade pode transformar a escola no espaço do esquecimento. E, como lembra Ellie Wiesel, esquecer acaba por ser rejeitar.
Uma das últimas obras de Tony Judt, precocemente falecido este ano, fala-nos do século XX esquecido. E por lá desfilam nomes que, em tempos, nos soavam a familiares.
Mas, hoje em dia, quem sabe quem foram Primo Levi, Arthur Koestler, Manes Sperber ou até Hannah Arendt?
Já nem Descartes, pelos vistos, é conhecido. Ainda ontem, um popular concurso televisivo patenteava esta lacuna. Kant era descrito como um especialista em economia.
O problema é que este esquecimento alastra. A vida está povoada de esquecimentos e cravada de esquecidos...