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Terça-feira, 30 de Novembro de 2010

Por natureza (e sucessivos ensaios de definição), a escola é o espaço da abrangência.

 

Não se pede à escola que seja exaustiva. Mas exige-se-lhe que procure ser universal.

 

Daí até o facto de a escola superior ter o nome de universidade.

 

Não podendo tocar em todos os saberes, ela procura oferecer, pelo menos, o essencial de todos os conhecimentos.

 

É por tudo isto que a escola se torna um repositório da ciência e um laboratório de valores.

 

Na escola se aprende o conhecimento e a sabedoria.

 

Vicissitudes múltiplas e imprevistos vários, porém, estão a converter a escola no lugar da especialidade.

 

Formam-se peritos em várias áreas, mas está a esbater-se, cada vez mais, a percepção do universal.

 

Encontramos óptimos técnicos, mas deixamos de encontrar muitos sábios, embora estes ainda apareçam.

 

A cultura de Zubiri era tal que foi denominado especialista do universal.

 

A preocupação pela especialidade pode transformar a escola no espaço do esquecimento. E, como lembra Ellie Wiesel, esquecer acaba por ser rejeitar.

 

Uma das últimas obras de Tony Judt, precocemente falecido este ano, fala-nos do século XX esquecido. E por lá desfilam nomes que, em tempos, nos soavam a familiares.

 

Mas, hoje em dia, quem sabe quem foram Primo Levi, Arthur Koestler, Manes Sperber ou até Hannah Arendt?

 

Já nem Descartes, pelos vistos, é conhecido. Ainda ontem, um popular concurso televisivo patenteava esta lacuna. Kant era descrito como um especialista em economia.

 

O problema é que este esquecimento alastra. A vida está povoada de esquecimentos e cravada de esquecidos...

publicado por Theosfera às 12:01

De António a 30 de Novembro de 2010 às 18:39
Para mim, muito pior do que ignorar certos nomes da Cultura ou não estabelecer as correctas concordâncias verbais, é não se pôr em causa firmados paradigmas conceptuais, filosóficos ou teológicos, que merecem ponderadas revisões analíticas. Isso sim é muito grave e, no que ao nosso país concerne,conduziu-nos ao atoleiro de atraso intelectual e social em que nos encontramos. Há anos, necessitei de estudar um livro para fins profissionais. E vi no mesmo muitas mais notas de rodapé do que texto de base.No meu tempo de universitário, também vi imensas obras petulantes,cheias de termos arrevesados, para alargar professoralmente o âmbito da natureza simples da matéria de estudo.Eu fui um dos que tive que ler várias vezes a sebenta de um professor que gostava de tudo bem papagueado.Quando fiz com essa "fera" o respectivo exame oral, no final disse-me que me gostaria de ver um dia como seu assistente. Mal ele sabe quantas vezes li a sebenta dele para poder repetir, quase vírgula por vírgula, a matéria que ele debitava.Não me orgulho nada desse elogio. Se ele me tivesse inflamado o ego, hoje poderia ser mais um a repetir memórias retransmitidas. Prefiro pensar por mim e ir contra a corrente do pensamento dominante, se estiver convicto das minhas razões. Erros de escrita e de concordância verbal também cometo. Mas prefiro esses erros do que transigir com tantas menoridades intelectuais, que por aí abundam,cometidas por gente que não comete nenhum lapso lexical, mas que possui uma insuportável cegueira de pensamento..

De Theosfera a 30 de Novembro de 2010 às 19:26
Uma vez mais, é muito pertinente a sua observação. Mas creio que não há contradição relativamente áquilo que procurei expender. Todos nós aprendemos com quem nos precedeu. E parece-me que, precisamente para criar novos paradigmas de pensamento e de conduta, é necessário conhecer quem nos precedeu. Acresce que a fruição dos grandes nomes é um estímulo para o pensamento. Assim como olhar para Pelé, Eusébio ou Figo estimula a vontade de jogar, o contacto com os grandes mestres ajuda a configurar uma estrutura de pensamento e de conduta. O objectivo não é tanto para repetir nomes, mas para retirar ilações e prosseguir no caminho. Creio que foi Kierkegaard que disse que só compreendemos a vida olhando para trás e só avançamos na vida olhando para a frente. O uso de termos arrevesados é uma tentação que revela falta de contacto com os mestres que, na maior parte, eram de uma grande simplicidade e concisão. Ainda ontem vi uma dissertação que tinha no título «usabilidade». Não seria mais curial colocar «uso»? Acima de tudo, precisamos de nos mobilizar por dentro. E não creio que a simples tecnologia, que é importante, ofereça o que os livros podem oferecer. Abraço amigo no Senhor.

De António a 1 de Dezembro de 2010 às 02:55
Não há contradição, por certo, estimado Padre João António. Apenas quis enfatizar o que julgo mais importante, mas igualmente entendo que devemos aprimorar o rigor pelo respeito linguístico. Por desatenção ou rotina, costumava dizer " solarengo" em vez de " soalheiro" e alguém, em boa hora, me chamou a atenção para o meu erro, que, de imediato, corrigi. Só quis destacar, porém, o que, do meu ponto de vista, considero, no entanto, mais importante. .Abraço amigo...

De Theosfera a 1 de Dezembro de 2010 às 10:52
Obrigado, bom Amigo. Eu também dou erros. O que me parece é que se deve procurar dar o melhor em tudo: no escrever, no falar, no pensar e sobretudo no agir. Perturba-me que o progresso possa ser aliado de alguma decadência, como aliás avisam alguns filósofos. Obrigado por toda a participação excelente neste espaço. Abraço amigo no Senhor.


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