Muitas pessoas regressaram, hoje, ao trabalho com o mesmo espírito que, ontem, as levou a fazer greve: sem saber porquê.
Aliás, o espírito não difere muito de ontem para hoje.
Hoje, o país não está parado, mas continua desmobilizado, desmotivado.
A incerteza domina.
Não se sabe muito bem o efeito prático da greve. Não se sabe muito bem o efeito prático do trabalho. Não se sabe até quando dura. A espada do desemprego abate-se sobre todos.
Depressa a greve sairá do prime time televisivo. Depressa os figurantes de uma pífia casa de segredos voltarão a ter mais destaque que os líderes sindicais. E até, nesta manhã de balanço, a derrota do Benfica parecia pesar mais.
A pobreza não é só material. É também espiritual. Falta dinheiro. Mas falta sobretudo rasgo, horizontes, alento, arrojo, audácia.
Já não seremos um povo brando. Mas continuamos a ser uma nação submissa. E massacrada pela realidade.
Amanhã será melhor. Mas o futuro só espera por aqueles que o sonham e constroem.