As finanças são o sintoma. A economia é o problema. Mas o verdadeiro desastre está na educação.
João Botelho pronuncia-se sobre este último ponto. E não hesita em apontar o fim da linguagem dialéctica no ensino. «O bem e o mal desapareceram. A moral desapareceu».
Tudo se ressente desta enfermidade inicial. A futilidade domina com presunções de excelência. «Neste momento, à frente do mundo, temos meros produtos televisivos. É a televisão que faz o denominador comum da nossa sociedade».
A futilidade gera, inevitavelmente, a acomodação, a ausência de horizontes. «As pessoas deixaram de lutar pelo futuro. Parece que só existe presente».
É por isso que as crises podem ser boas «se obrigarem as pessoas a pensar, a mudar, a ter atitudes e a lutar».
No entanto, João Botelho afirma-se «mais pela dissidência do que pela resistência».