Adolfo Nicolás lastimava, há dias, a globalização da superficialidade.
Esta parece ser, de facto, uma tendência que não deixa ninguém imune.
Henrique Villa-Matas assinalava, concretamente, a situação dos intelectuais. Estes, para terem um auditório vasto e uma popularidade farta, têm de comentar assuntos fúteis.
O contágio da cultura do superficial atinge qualquer um. E, pelos vistos, sem que nos apercebamos devidamente.
O que aconteceu nestas negociações do orçamento é revelador.
Tantas coisas laterais para um assunto tão sério. Parecia um espectáculo, um reality show.
A cerimónia desta manhã, pelos vistos, não era para assinar nada. Que, aliás, já estava assinado. Era para ter uma fotografia.
A esta hora, estamos a ouvir o circunspecto ministro das finanças lamentar não ter sido possível uma fotografia.
Mas, no fundo, até havia. Eduardo Catroga registou o acto no seu telemóvel. E até fez questão de dar conta das horas e dos minutos.
Novembro está a chegar. Recolhamo-nos um pouco. Olhemos em frente. E deixemo-nos destas coisas.